Ter as soft skills corretas para determinada função faz parte dos objetivos da entrevista por competências. Quando uma vaga de trabalho é divulgada, uma enxurrada de currículos chega às caixas de e-mail dos recrutadores das empresas. Com o alto índice de desemprego, muitos profissionais acabam enviando candidaturas mesmo que a vaga não tenha aderência ao seu perfil, qualificação ou formação. Algumas estratégias têm sido essenciais tanto para a empresa quanto para os candidatos. E uma delas é a entrevista por competências, avaliação do perfil do candidato e o seu match com a vaga proposta.
As competências dizem respeito ao conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que podem ser naturais ou aprimorados com experiências, cursos e vivências. Esses elementos dizem respeito ao que você sabe fazer, como fazer e razões para fazer determinadas funções.
A entrevista por competências serve para alinhar bem o que é esperado da pessoa para cada função e a convergência pode ser entendida quando são feitas perguntas sobre situações passadas e como elas foram superadas. Comprometimento, nível de entrega, inteligência emocional e outras competências não técnicas estão presentes na rotina das pessoas e podem ser percebidas em situações cotidianas.
É preciso que a empresa tenha bem definidas as competências críticas do negócio e da vaga para que o candidato possa ser considerado alinhado ou não a esse desenho ideal e a cultura da empresa. As avaliações são realizadas com base nas experiências do profissional, por meio de perguntas que identifiquem quais competências o candidato possuía para determinadas situações. E isso não é algo que está presente no currículo. É interessante saber que, para favorecer a imparcialidade e diversidade na seleção de candidatos, a primeira etapa de muitos processos vêm sendo feitas “às cegas”, evitando gênero e idade, por exemplo como pontos de eliminação. Após essa etapa de avaliação do currículo, os candidatos são então passados para a fase de entrevistas.
E nessa fase, em que é possível conhecer bem as pessoas, o bom entrevistador consegue identificar respostas verdadeiras e falsas, com situações “fabricadas” e como a comunicação não verbal também influencia esse momento. Com um bom repertório de perguntas é possível receber inputs para diversas análises, especialmente da maneira como o candidato responde cada uma delas.
Todas as perguntas serão menos formais que as sobre competências técnicas, em que é preciso falar sobre seus treinamentos e certificações. Agora é a hora de contar bem a sua história.
Para avaliar critérios de liderança, mais do que saber as posições hierárquicas já ocupadas, as perguntas norteiam sobre motivação e trabalho em equipe, situações em que foi eficaz, condução de projetos e resultados. Já as que possuem foco na satisfação dos clientes, por exemplo, comumente questionam suas estratégias para conquistar e fidelizar, situações difíceis e embaraçosas que conseguiu contornar ou reverter com públicos externos e internos.
Ser um profissional flexível é uma das competências mais requisitadas hoje em dia, já que os processos se tornam cada vez mais mutáveis e é preciso estar preparado para situações diversas. Para identificar essa competência, as perguntas são voltadas para experiências nas quais teve que mudar de ideia ou estratégia repentinamente, assumir responsabilidades imprevistas e suas reações.
Não menos importante é a criatividade, com questões sobre resolução de problemas complexos, como a falta de recursos, de forma criativa. Outro ponto relevante é a aptidão a priorizar, organizar e trazer resultados. Perguntas sobre situações de trabalho, estratégias, metas e projetos precisam ser consistentes e trazer o que é esperado para cada função – o que não necessariamente estará na descrição da vaga.
É importante deixar claro que não existe o candidato perfeito, mas sim o que mais tem aderência ao cargo. A entrevista é somente uma parte do processo seletivo e não existem respostas certas ou erradas. Cada empresa tem valores, vagas e culturas específicos.
Para avançar na carreira, seja uma pessoa com autoconhecimento bem desenvolvido e com um currículo compatível com o que deseja alcançar profissionalmente. E para se preparar bem para uma entrevista por competências, trace um histórico com as situações em que se sentiu desafiado e como se saiu delas quando estiver pesquisando sobre a empresa. Assim fica mais fácil explicar, com naturalidade, suas competências em situações diversas.
Crédito foto da capa – Frente a frente com o entrevistador (Foto: Markus Spiskes / Pixabay)