Ao longo da minha carreira, a busca constante por autoconhecimento foi fundamental para que eu alcançasse sucesso pessoal e profissional. Acredito que o mesmo possa ser válido para você!
Autoconhecimento é a prática de se conhecer melhor. Do que você gosta ou não gosta? Quais suas preferências? Quais suas virtudes e defeitos? Como reage a determinados eventos? Com quais emoções tem mais facilidade ou dificuldade em lidar? Que tipo de gente você adora se relacionar, quais apenas tolera e quais preferiria passar bem longe? Quais são suas limitações que, uma vez ultrapassadas, vão te tirar saúde de verdade? Quais são os sonhos que te motivam?
Se conhecer completamente é utopia! Porém, você deve tentar se conhecer cada vez mais. Vou fazer uma analogia para ficar mais claro. Imagine que você é uma linda estátua ainda dentro de uma pedra. Você está lá, completo, porém invisível e indissociável da pedra para quem olha de fora. Ao mesmo tempo, você também é o escultor que, aos poucos, vai tirando lascas da pedra com seu cinzel e martelo de borracha. Esse é o processo de autoconhecimento. Quanto mais tempo você investe na busca, mais tem acesso à bela escultura que está dentro de você.
Há alguns bons motivos para isso. Vou ilustrar aqui alguns deles:
A medida que vai caminhando, você deve ter se deparado com bifurcações, momentos nos quais podia escolher ir por um lado ou por outro. Na hora da escolha, certamente, você tentou avaliar o que tinha de bom e ruim em cada alternativa para tomar a sua decisão. E é justamente nessas situações que se conhecer bem ajuda muito.
O autoconhecimento serve como um filtro ou juiz para ajudar você a decidir por onde ir. Devo aceitar essa oferta de emprego ou não? Se você conhece bem suas fortalezas e limitações, poderá avaliar se aquele emprego novo irá exigir de você o tem de melhor ou irá colocá-lo em situações difíceis. Ao usar esse filtro, aumentam suas chances de fazer as escolhas mais acertadas para você, justamente por se conhecer melhor.
Menino brincando (Foto: MI PHAM / Unsplash)
Um benefício secundário do autoconhecimento é que, ao tomar decisões que respeitam as suas preferências, aumentam as suas chances de ficar mais tempo exposto a situações onde irá se sentir bem. Você será produtivo, irá se relacionar com pessoas que gosta e será mais feliz.
Isso é particularmente relevante em relacionamentos amorosos, quando duas pessoas estão buscando se conhecer como indivíduos e como casal. Na verdade, essa é uma situação ainda mais complexa. Para seguir no meu exemplo anterior, estamos falando de duas estátuas que não estão completamente visíveis.
Possivelmente você já passou ou viu amigos passarem por relacionamentos que não acabaram bem. Pode ter durado um mês ou 20 anos, não importa. O relevante é que, ao acabar, você pode ter olhado para trás e visto o quanto eram diferentes, não? Pois é! Imagina o quanto você não pagaria para ter acesso a esse conhecimento previamente. Daí a busca constante por se conhecer melhor.
Deixar-se muito tempo exposto a situações que não combinam com você é pedir para ficar doente. Um exemplo ajuda a entender isso de forma simples. Imagine que você tem (ou já teve!) um chefe com valores pessoais e profissionais completamente diferentes dos seus.
Você é uma pessoa altruísta, que se ajuda e gosta de ajudar os outros, tolerante, amável e que gosta de ser transparente e falar a verdade. Agora, imagina seu chefe carreirista, que passa por cima de qualquer um, que usa as pessoas e as descarta quando lhe convém e que só vê valor em você quando beneficia a vida dele.
E aí? Quanto tempo aguentou trabalhar assim? Perdeu noites de sono? Teve ataques de pânico? Ficou deprimido? Quanto isso afetou sua vida fora do trabalho?
É disso que estou falando. Essa é uma situação bem comum e se conhecer bem permite que você anteveja tudo de forma rápida e se planeje para sair dela, seja mudando de área ou emprego, por exemplo.
Há muitas maneiras para melhor o autoconhecimento. De acordo com as suas preferências e perfil de personalidade, há algumas formas que vão ser mais ou menos interessantes. Mas, o importante mesmo é lembrar que, quanto mais tempo investir nesta busca de se conhecer melhor, mais benefícios terá. Como fazer isso é o que menos importa. Abaixo listo algumas ideias:
Coloque a si mesmo no divã e procure se analisar (aqui é você no papel de escultor, olhando a si mesmo como estátua). Por que reage de certa maneira? O que sente? O que te incomoda? O que te dá prazer? Em que situações se sente bem? Anote tudo e, com o tempo, releia e veja onde as atitudes se repetem.
Amigos conversando (Foto: Christin Hume / Unsplash)
O segredo é pedir feedback para pessoas que você confia muito, que te conhecem bem e que não vão querer ficar te agradando. Elas têm a capacidade de olhar seus pontos cegos. Ter acesso a eles ajuda muito a se conhecer melhor!
Nada melhor que seu dia-a-dia para te ensinar. Ao final de cada dia, anote umas linhas no diário sobre o que mais te marcou e como reagiu, pensou e sentiu nessas situações. Depois de algum tempo, releia o que escreveu e veja onde surgem similaridades.
Experimentar situações novas permite que você descubra novas experiências que ama ou odeia. É muito estimulante conhecer algo novo e, como bônus, você poderá avaliar como reage a elas. No meu exemplo, é como começar a revelar a escultura em uma parte que não havia trabalhado antes, como, por exemplo, o pé. E aí? É grande ou pequeno?
De tempos em tempos, sente e escreva sobre o que acredita, o que pensa sobre determinadas coisas, o que pretende deixar de legado. Qual sua missão na vida? O que pretende realizar? Esse tipo de coisa. Ao escrever e, de periodicamente, revisar, você se conecta ainda mais consigo mesmo e com o que importa para você.
Mulher meditando (Foto: Dingzeyu Li / Unsplash)
Independente de qual seja, ok? Tanto faz se você é ateu ou a pessoa mais religiosa do bairro. O importante aqui é expandir sua compreensão de mundo e entender no que acredita além dos seus cinco sentidos. Você vai ficar surpreso de quando percepção muda a maneira de como lidar com a vida.
Por fim, existe gente muito boa que estudou muito e pode te ajudar profissionalmente a melhorar seu autoconhecimento e lidar melhor com suas emoções. Dispa-se do preconceito e, se puder ter acesso, invista em um ótimo terapeuta ou analista para auxiliá-lo na sua busca. Te garanto que vai valer a pena.
Crédito foto da capa – Garoto se olhando no espelho (Foto: Goami / iStock)
