Há algum tempo, escrevi um artigo sobre a importância de você investir em autoconhecimento para melhorar sua vida. Parte desse autoconhecimento passa por você tomar consciência das suas qualidades e defeitos. No artigo de hoje, vou lhe dizer como pode utilizar essas informações para ter uma vida pessoal e profissional de melhor qualidade e mais sucesso.
Existem várias definições para qualidades e defeitos. De forma bem simples, qualidade é uma característica positiva que permite que você se destaque dos demais. Já defeito é uma característica negativa que produzirá o efeito contrário. No mundo ideal, você só teria qualidades, mas, na prática, não é bem assim…
Imagine que essas características são como ferramentas pessoais, boas e ruins, que você utiliza no seu dia-a-dia, seja no trabalho ou na vida pessoal. Em muitos momentos, há situações nas quais você terá de utilizar as duas. O ideal é conhecer bem cada uma delas e maximizar o uso das qualidades em detrimento dos defeitos.
Posso garantir que, quanto mais conseguir fazer isso, mais qualidade de vida profissional e pessoal você terá! E, pensando justamente nisso, compartilho abaixo algumas ideias para colocar essa premissa em prática. Bom proveito!
Para você ter mais chances de sucesso e ser mais feliz na carreira, é inteligente você escolher caminhos profissionais que exijam de você as suas melhores qualidades. Quanto mais determinantes essas qualidades forem para a o bom desempenho da sua profissão ou para o sucesso da organização que trabalha – e quando melhor você for nelas -, mais chance de sucesso terá nesse caminho.
O ideal nesse caso é você conseguir fazer alguma coisa que concilie ao mesmo tempo três coisas: sua qualidades, seus gostos pessoais e um bom retorno financeiro.
Gráfico de Qualidades, Gostos e Retorno Financeiro
Funciona mais ou menos assim:
Esse é o caminho mais simples para seu sucesso profissional e para ter saúde ao longo da carreira.
Isso porém nem sempre é possível e sei que, às vezes, você vai precisar privilegiar o retorno financeiro e vai se arriscar ao aceitar um trabalho para o qual não está bem preparado ou que te exige muito além do que é capaz de fazer. O pior dos mundos é um trabalho que exija muito desempenho em coisas que são defeitos seus, e que ainda por cima, você não gosta de fazer.
Nesses casos, você tenderá a omitir seus defeitos em uma entrevista de trabalho ou, pelo menos, minimizá-los. Pode ser que isso seja necessário, mas, de coração, sugiro que, se esse for o caso, avalie com muita atenção se pretende realmente ir em frente com essa oportunidade.
As perguntas que te faço, e que o entrevistador não vai fazer, são: quanto tempo você acha que dura em uma função que vai exigir de você competências que você não domina e, consequentemente, vai expor os seus defeitos e limitações? Será que não vai se queimar à toa e prejudicar sua carreira mais para frente? E sua saúde, como vai ficar? Pensa bem.
Similar ao ponto anterior, sempre que possível, procure se envolver com atividades no trabalho que exijam o que tem de melhor. Ao mesmo tempo, tenha muito cuidado com situações que vão te exigir características relacionadas aos seus pontos mais fracos. Nem sempre isso é simples e, às vezes, você vai viver dilemas. No entanto, se seguir o caminho que privilegie seus pontos fortes, o resultado a longo prazo será melhor e você terá uma vida profissional mais feliz.
Destacando-se no trabalho (Foto: UberImages / iStock)
Lembro, certa vez, quando uma colega que havia sido minha subordinada veio me pedir ajuda para uma movimentação dentro da empresa. Na época, seu sonho era ser promovida a coordenadora. Na avaliação de desempenho, no entanto, disseram para ela que, para isso acontecer, seria necessário desenvolver suas habilidades analíticas em algum projeto.
Minha primeira pergunta para ela foi: “seu marido ainda está desempregado? ”. E ela me disse que sim. Na sequência, alertei sobre o risco envolvido nesta movimentação, afinal, se quisesse mesmo seguir aquele caminho, um simples projeto não seria suficiente. Ela iria precisar buscar uma função que exigisse muito de seu lado analítico e teria de ter um desempenho excelente. Acontece que isso era um defeito seu…
A alternativa, sugeri a ela, seria continuar a privilegiar funções operacionais ou então procurar emprego em uma outra organização onde suas qualidades fossem as necessárias para uma coordenação. Ela me agradeceu e continuo na função que estava. Eis que, alguns meses depois, a maior promoção de produtos da empresa ficou sobre sua responsabilidade, algo que ela não só gostava de fazer como era excelente. O resultado foi tão extraordinário que, logo após o término, a empresa resolveu criar três posições de coordenação para esse tipo de atividade.
Lembro, como se fosse ontem, de três gerentes brigando para ver quem iria ficar com ela na coordenação…
Quando você estiver gerenciando uma equipe composta por várias pessoas, sua responsabilidade é tirar o máximo de eficiência daquele grupo. Nesse sentido, é muito útil identificar o quanto antes as limitações de todos os integrantes, incluindo as suas.
Digo isso pois, é muito difícil desenvolver pontos fracos em curto espaço de tempo, em particular em situações críticas. Imagine como seria descobrir que deixou uma atividade importante com alguém que tem deficiências sérias para desempenhar bem o papel? De quem é a culpa? Dele ou sua? Tanto faz. Você, ele e a organização vão sofrer com um desempenho medíocre.
Dito de outra forma, mapear as qualidades e defeitos do time vai tornar sua capacidade de delegar muito mais apurada. Não só você terá mais eficiência explorando os pontos fortes de todos, como poderá delegar atividades menos críticas em situações mais tranquilas. Neste caso, o objetivo é justamente treinar e capacitar seu time onde cada um é mais fraco. Isso gera uma motivação enorme, como você pode conferir nesse meu outro artigo sobre como motivar pessoas.
Lancha de corrida (Foto: Jenyateua / iStock)
Ao conversar com meus times após avaliações de performance, justamente quando faríamos os planos de desenvolvimento individual, eu usava uma analogia para sugerir que eles focassem suas energias em melhor ainda mais seus pontos fortes. Eu dizia que cada um era como uma lancha que possuía um motor e uma âncora.
O que fazia a lancha avançar na carreira era o motor e o que impedia de prosseguir era a âncora, quando a mesma se enroscava em algum arrecife no fundo do mar. No caso do trabalho, o motor é a qualidade e o defeito, ou o gap, como era comum eu chamar, é a âncora.
Meu argumento era simples: é muito melhor envenenar seu motor de tal forma que a lancha solte a âncora da pedra e dispare, do que eu só resolver o gap. Se eu apenas soltar a âncora e não acelerar o motor, a lancha não sairá do lugar.
Foque no desenvolvimento do que é bom e veja sua carreira deslanchar. Foque nos gaps e não vai sair do lugar. Eu garanto!
Crédito foto da capa – Time unido (Foto: Rawpixel.com / Unsplash)
11 de novembro de 2019
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