Há duas maneiras de se levar a vida: com ou sem saúde. Quando está com uma vida saudável, você define objetivos, prioriza determinadas ações, corre atrás de carreira e sucesso, vai em busca do amor, constitui família e, mais ou menos, vai tocando o dia-a-dia em frente. Se, por algum motivo, você perde sua saúde ou, alguém muito próximo e importante perde a dela, tudo para e o que fazia sentido antes passa a não ser mais importante. A única coisa que você passa a querer é ter saúde novamente.
Já viveu isso alguma vez? Eu já, mais de uma, por sinal. E é justamente por isso que entendi, ao longo dos anos, que ter saúde é o mais importante da vida. Levar uma vida saudável é uma das minhas principais crenças! Não faz sentido algum ter uma vida sem saúde. Como exemplo, tenho um grupo de bons amigos que sempre me dizem que um dos propósitos da vida é criar riqueza. Sempre que eles falam isso, eu retruco dizendo que de nada vale você criar riqueza se o custo for a destruição da sua saúde.
Aliás, ter uma vida saudável não é só importante para sua vida presente. É fundamental para a longevidade e qualidade de vida nos muitos anos que virão pela frente. Ou seja, se você abrir mão de uma vida saudável hoje, o custo não vem somente agora. Pode estar certo que vem ao longo dos anos de duas formas muito cruéis e difíceis de você quantificar no presente: você vai viver menos, e o pior, vai viver com uma qualidade de vida muito pior.
Pensando nisso, abaixo escrevo algumas sugestões de como você pode começar a ter uma vida saudável hoje. Sei que isso é só o pontapé inicial na busca de uma vida mais saudável, e vou abordar alguns desses temas em maior profundidade em outros artigos. Porém, se aplicá-las, elas podem te ajudar a ter uma vida melhor e de mais qualidade.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), “saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de doenças e enfermidades”. A OMS é uma entidade que investe pesado para influenciar governos e organizações para ajudar a melhorar os níveis de saúde mundo a fora. Mas, o ponto de partida aqui é você!
Cuidar da sua saúde é sua responsabilidade e cuidar de si mesmo ajuda muito na sua autoestima e no seu estado de completo bem-estar. Isso afeta muitas áreas de sua vida e é também muito complexo. Por mais que conte com bons profissionais para ajudá-lo, nenhum deles tem condição de olhar sua vida como um todo. Cada um é especialista em uma área! Cabe a você energizar, recrutar e liderar esses profissionais na busca por uma vida saudável. Boa sorte!
O primeiro passo é você procurar um bom médico, um bom dentista, um bom psicólogo, um bom nutricionista, um bom preparador físico. Levar uma vida saudável é muito sério e importante e não recomendo que faça isso no estilo “faça você mesmo”, por meio de dicas passadas no boca-a-boca ou na internet. Bons profissionais podem te ajudar a entender o estado de saúde atual, montar um plano específico para sua saúde e acompanhá-lo durante o processo, que aliás é para a vida toda.
Lembro quando fui ao meu ortopedista em função de uma dor paralisante nas costas que surgiu após eu dependurar a bicicleta na parede após um treino. A dor foi tão forte que não conseguia mais segurar meu bebê no colo por mais que alguns segundos. Após exames de ressonância e ambulatoriais, ele diagnosticou que eu estava com protuberância em dois discos intervertebrais e que o tratamento era reforço muscular. Se fizesse, eu pararia de sentir dor e poderia até reverter o quadro. Se não fizesse, eu estava me encaminhando para uma hérnia de disco.
Seis meses depois de muito treino funcional e academia, as dores de fato sumiram. Hoje, ando de bicicleta sem sentir nada e posso andar com o bebê no colo para cima e para baixo. Agora me diz: como eu iria fazer isso sem a ajuda do médico e do preparador físico? Só com dicas on-line não seria, certo?
Se você procurou um bom profissional, após o exame ambulatorial, ele provavelmente lhe pediu para fazer uma série de exames. Torne isso um hábito e faça os checkups com frequência. Os resultados dos exames são ponto de partida para você e seu médico entenderem seu estado de saúde atual e montarem um plano para que você leve uma vida saudável.
Além disso, é justamente nesse tipo de exame de rotina que você pode descobrir problemas de saúde logo no início, quando as chances de tratar são maiores. Isso aconteceu com uma amiga querida. Ao fazer um checkup anual, descobriu um princípio de câncer no pulmão esquerdo. Como estava muito no início, uma cirurgia de extração da área infectada deu conta do recado e ela se curou logo de cara. Imagina se não tivesse feito o exame e fosse descobrir o câncer uns dois anos depois?
Se nos exames iniciais seu médico descobrir algum problema de saúde sério, como o câncer da minha amiga, ou alguma doença crônica como pressão alta, diabetes, depressão ou pânico, por exemplo, ou ainda se tiver alguma condição associada a hábitos que destroem sua saúde como distúrbios alimentares, obesidade, alcoolismo ou se fumar, o importante é tratar isso primeiro. O foco inicial deve ser resgatar sua saúde e, na sequência, estabelecer uma rotina e hábitos para ter uma vida saudável por muitos anos.
É quase certo que você esteja acima do peso, comendo de forma não saudável ou ainda sem condicionamento físico. Se ao menos uma dessas for verdade, ou pior, se as três forem, minha sugestão é que procure um nutricionista e um preparador físico e faça uma avaliação. Se ambos trabalharem juntos, é ainda melhor!
Há alguns meses, fiz exatamente isso. Ao chegar na primeira consulta, eles me perguntaram qual meu objetivo e eu disse simplesmente que queria ter saúde. Como eu já praticava exercícios regularmente (ciclismo e natação) e não me achava acima do peso, pensei eu que iria receber instruções para ajustar algumas rotinas e só.
Que nada! Após a avaliação, eu descobri que estava em uma faixa moderada de risco coronário, em função de excesso de gordura na cintura. A minha prática esportiva era muito boa para minha saúde mental, mas insuficiente para perder peso e reduzir o risco coronário.
A partir desse diagnóstico, montamos um plano específico e, após 11 semanas, eu perdi nove centímetros de cintura e nove quilos de gordura, saindo assim da zona de risco coronário. Além disso, estabeleci uma nova rotina alimentar e de treinos bem mais saudáveis e que se incorporaram à minha vida numa boa e de forma perene (contarei mais sobre isso em um outro artigo).
Meu sogro, que é cirurgião geral, sempre me dizia que, se quisesse fazer alguma mudança alimentar e colher os benefícios dela de maneira plena, o quanto antes fizesse melhor. Não espere chegar aos 65 para pensar: “Ih! Danou-se! Preciso mudar minha alimentação”. Faça isso aos 45 ou aos 25 e vai conseguir melhorar e muito sua qualidade de vida no presente e nos muitos anos que você vai viver na chamada terceira idade. Aliás, se você se cuida bem e se não sofrer nenhum acidente ou doença repentina, as chances são muito boas de a melhor parte da sua vida ser justamente após os 50 anos.
Vou aprofundar esse assunto em outro artigo, mas o mais importante aqui é começar a melhorar sua alimentação já, apoiado por um bom nutricionista. Não precisa sair do junk-food total para o “celibato” da alimentação, ok? O importante é começar a melhorar e sentir os benefícios no seu corpo. De tudo o que mudei, quatro hábitos me fizeram muito bem. São eles:
Fazer boas escolhas no supermercado. O que trouxer para casa é o que você e sua família vão comer. Se reduzir ou não trouxer tentações e alimentos ruins, sua saúde já sai ganhando.
Menos alimentos processados e mais naturais. Além de fazer um bem danado aumentar a ingestão de alimentos não processados, seu bolso também vai ficar mais feliz.
Aprenda a cozinhar. O quanto mais você cozinhar, mais terá controle sobre o que ingere. O benefício extra aqui é que, ao fazer isso, seja você homem ou mulher, vai acabar ficando mais tempo perto da família.
Orgânicos. São deliciosos! Simples assim. Mais caros também, é verdade! Se isso for um problema, adote orgânicos para os alimentos que são mais impregnados por agrotóxicos como verduras e frutas.
Se você acredita que falar em atividade física é mais fácil que fazer, você é uma pessoa normal! Com tanta coisa que você já faz no dia a dia, como é que vai achar tempo para fazer atividade física? Isso sem falar na preguiça…
Começar e deixar o sedentarismo de lado não é fácil mesmo e a sugestão é que você realmente faça algo que goste muito. Lembra do que você gostava de praticar quando era criança e adolescente? É disso que estou falando. No meu caso, era andar de bicicleta. E no seu?
Aos poucos, e a medida que o condicionamento vai melhorando, você pode aumentar a frequência e intensidade, até que chega um ponto onde o corpo pede para você fazer exercícios e tudo fica mais fácil.
Além disso, você pode unir a atividade física com lazer. No meu caso, todo domingo levo meu bebê para passear na bicicleta comigo. É um treino muito divertido e, no meio do caminho, sempre paramos para fazer um piquenique no parque.
Dormir é tão fundamental para você como comer ou respirar. O problema é que, nem sempre, você consegue fazer isso na quantidade e qualidade que precisa. Como já disse antes, se esse for um problema sério, ou se estiver sofrendo de insônia, sugiro que procure seu médico e desenvolvam juntos um plano para que possa voltar a dormir bem. Isso vai desde sedativos durante uma fase de vida particularmente estressante a tratamentos sofisticados e cirurgias. O campo aqui é vasto e deve ser uma prioridade se quiser ter uma vida saudável.
No dia a dia, porém, tenho uma rotina que funciona muito bem e vou dividir com você. Vamos lá:
Pelo menos uma hora antes de dormir:
Em geral, após algumas páginas, o livro cai da minha mão! Eu dou uma acordada e continuo a ler. Quando ele cai a segunda vez, eu coloco o livro na cabeceira, desligo o abajur e continuo a dormindo imediatamente. Algumas vezes, porém, é minha esposa que pega o livro, guarda e apaga a luz do meu lado…
Existem dois tipos de problema na sua vida: aqueles sobre os quais você têm algum controle e outros que você não possui controle algum. Para os primeiros, a sugestão é simples: faça o que puder para tentar resolvê-los. Para os segundos, minha sugestão é: aceite-os e passe a sofrer menos por conta deles.
Lembro quando minha avó foi diagnosticada com mal de Alzheimer. Foi uma notícia muito dura para a família e todos ficamos muito tristes. Sofremos muito com aquilo durante nove anos. Depois de uma fase inicial, onde fizemos de tudo para encontrar uma solução que não existia, acabamos por aceitar aquela condição e nos concentramos em dar a ela a melhor qualidade de vida possível. Era o que estava a nosso alcance.
Vou carregar para o resto da vida a lembrança do último sorriso que a minha avó abriu para mim. Naquele momento, senti que ela realmente conseguiu me reconhecer, em um raro momento de lucidez, uns dois anos antes de falecer. Fica com Deus vovó!
Já tratei desse tema em um outro artigo, “Vivendo de propósito”, mas gostaria de lembrar que ter um propósito de vida, ter consciência dele e deixar que ele funcione como uma bússola que guia seus comportamentos e ações, não só aumenta sua longevidade, como permite que você leve uma vida saudável.
O impacto é direto nas suas escolhas e na sua qualidade de vida. O primeiro passo é tomar consciência de seu propósito de vida. Se quiser começar uma reflexão sobre o tema, sugiro que leia o segundo artigo que escrevi: “Como tomar consciência do seu propósito de vida”.
Isso é fundamental, principalmente nos anos onde você precisa de uma atividade profissional remunerada para sustentar tantas outras coisas na sua vida. Se você já trabalhou com algo, com alguém (em geral o chefe) ou em algum lugar onde os valores são muito diferentes dos seus, ou cujo propósito vai na direção contrária do seu propósito de vida, você sabe que sua saúde sofre com isso.
O pior é que, em geral, essa condição é crônica, o que vai degradar aos poucos tanto sua saúde como seus relacionamentos fora do ambiente do trabalho. Minha sugestão nessas situações é de se planejar e mudar de rumo, seja dentro da organização onde está, para fora dela ou mesmo de carreira.
Se você já passou por fases de conflito com pessoas muito próximas, sabe o quanto isso tira o brilho da sua vida, o seu sono e prejudica sua saúde. Quem já passou por uma separação com filhos pequenos sabe bem do que estou falando.
Por outro lado, ter um bom relacionamento com o cônjuge, a família e amigos enriquece você com indivíduo, melhora seu bem-estar e torna sua vida saudável, mais prazeirosa e feliz. Já morei em nove cidades diferentes e digo com tranquilidade que fui mais feliz nas que tinha o melhor grupo de amigos!
Crédito foto da capa – Mãe e filha alongando (Foto: Evgenyatamanenko / iStock)